Podem ser queridas, ricas criaturas, pessoas amáveis. Não adianta, ainda que eu reconheça todas as qualidades possíveis, ei de me afastar. Não consigo permanecer tranquila, confortável ou em paz de espírito perto de pessoas indecisas. Não me refiro aos grandes momentos, situações limites. Falo do cotidiano e de pessoas que transformam escolhas banais em dúvidas cruéis. Há pouco, viajei com uma colega. Coisa rápida, ir-e-voltar no mesmo dia. O almoço foi na estrada, lancheria pequena e, por azar, chegou junto conosco um ônibus de excursão. Era só pegar o lanche, sentar e comer. Ai, quem dera fosse tão simples. Ela entrou na fila três vezes. Na hora de pegar a comida, trancou a fila. Eu já estava sentando e ela ainda no balcão do buffet. Atrás dela pelo menos quinze adolescentes debochando da tia que pegava o pastel, devolvia o pastel, pegava de novo ... Quando finalmente sentou, teve vontade de comer alguma coisa doce. Voltou para a fila. Quando a garçonete chegou para perguntar o que iríamos beber : Ai, meu Deus! Coca ou guaraná???? Nesse ponto a minha paciência já tinha acabado e o nível de maldade estava alto. Mandei logo: Água, querida. Já tem calorias demais ai! Ela ainda voltou para a fila do buffet, para ver se tinha ou não um quiche de frango. Tinha, mas ela desistiu de pegar.
Por isso, a minha simpatia pelo passarinho não é muito grande. Se tinha decidido ficar, que ficasse! Quem inventa, aguenta!
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