sexta-feira, 28 de março de 2014

Ensaio sobre a felicidade. Parte IV: Não faço parte desse mundo. Estou protegida.

Não sou imune. Fique abalada. Sustentei a minha melhor cara-de-parede. Assisti com pesar. Percebi que não me pertence. Passei o resto do dia com as falas, as imagens, as dissintonias de discursos e atos, as inconsistências das propostas.
Agora vou pegar a estrada. Vou para casa andando. São seis quilômetros. Por companhia apenas o sol fraco, a brisa calma e as aves no movimento do fim da tarde. Não tenho trânsito no caminho, não serei testemunha de acidentes com motos, meus olhos não terão o limite do painel. É uma hora de boa caminhada. É o suficiente para me repor a alegria roubada em reuniões com propósitos obscuros. Vou para casa com a sensação de que esse mundo não me pertence e que dentro dos meus tênis há um portal. A caminhada começa e me conduz para longe. O afastamento me preserva.
http://www.travsite.com/pasorobles/slides/IMG_1867.JPG

Se a estrada para minha casa é assim? Mais ou menos. Mas, como meu cérebro não tem a necessidade do absoluto, eu abstraio o trecho em que tem uma máquina de lavar junto com garrafas de vinho -  abandonadas em uma vala mal cavada. Meus olhos registram, sim! Mas meu cérebro se apega às unhas de gato em flor e às jaçanãs chapinhando na água ...

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