Nem sei por onde começar a analisar. Sim, porque isso não tema para ouvir e esquecer.
Talvez a ordem cronológica seja melhor.
Começou cedo. Na bancada da portaria.
As duas colegas com ar consternado mantinham, para quem quisesse ouvir, um diálogo estranhamente repetitivo:
- Pois é! Que coisa!
- Que coisa mesmo!
- E agora?
- Sei lá! Talvez nada.
- É! É o tipo de coisa que quando mais mexe pior fica.
- Sim, mas ... depois que caiu na rede ...
Foi, mais ou menos, isso. Enquanto a agente da portaria (Não! Eu não chamo de "porteira"!) me entregava as chaves, essa conversinha misteriosa se manteve.
Subi com a nítida impressão de que elas ficariam ali. Emitindo murmúrios repetitivos, até que chegasse a pessoa certa (que, com certeza, não era eu!).
Estavam ali para anunciar alguma coisa, mas faziam questão de desfrutar a expectativa alheia.
De fato, eu não sirvo para isso! Faço que não ouço com tanta perfeição que todo mundo acredita.
Algo vem vindo por ai.
Aposto que antes das dez o mistério se resolve...
É assim, como um barco vindo do horizonte, ou como as nuvens de chuva. A gente sabe que mais cedo ou mais tarde chegarão. É só esperar...
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